A aterosclerose na visão do Cardiologista







Tradicionalmente, os Cardiologistas têm direcionado seus esforços maiores no diagnóstico e no tratamento da doença arterial na árvore coronária, com menor foco no acometimento da aorta e das carótidas e sem uma forte atenção para a doença nas artérias renais e nas dos membros inferiores.

Com o conhecimento que fomos adquirindo nas últimas duas décadas, esta postura não contempla a percepção de que, sendo a aterosclerose uma doença sistêmica e os acometimentos dos territórios não coronários, fortes marcadores de risco de eventos cardiovasculares, o foco de atenção deve sempre ser o aparelho cardiovascular como um todo.

Em contraste com a doença coronária, a prevalência da afecção aterosclerótica não coronária depende da população estudada, do método diagnóstico empregado e se os sistemas são considerados e incluídos na estimativa. O que se observa, em geral, é que a doença extracardíaca é subdiagnosticada e, por isto, subtratada. Por exemplo, a doença arterial periférica, em grandes populações estudadas nos Estados Unidos, Europa e Oriente Médio, varia de 4,6% a 19,1%. Menos prevalente em jovens, atinge mais os idosos e os homens do que as mulheres.

Uma série de fatores de risco modificáveis está associada à doença arterial coronária, mas também contribui para aterosclerose da circulação extracardíaca. Neste particular, além do tabagismo, da dislipidemia, da hipertensão e da hiperhomocisteinemia, o diabetes melito goza um papel relevante, em especial se considerarmos sua crescente incidência, ano a ano, em decorrência do envelhecimento das populações e do aumento da obesidade e do sedentarismo. A aterosclerose cardiovascular no diabético é mais extensa e mais grave, com maior propensão à calcificação e maior acometimento distal. No estudo de Framinghan, o diabetes contribui mais como fator de risco para doença arterial periférica do que para doença coronária ou acidente vascular cerebral.

Após o reconhecimento, o tratamento da aterosclerose cardiovascular como um todo é igualmente desafiante, não só pela variedade de acometimentos isolados e múltiplos, de opções farmacológicas, percutâneas, cirúrgicas e associações terapêuticas, como pelo custoefetividade e segurança oferecidos pelas diversas propostas de tratamento, no curto e longo prazos.

A terapêutica não farmacológica, que visa à mudança do estilo de vida, incluindo: alimentação adequada, exercícios programados e postura anti-stress, tem comprovado eficiência como coadjuvante de todas as outras formas de tratamento.

Entre os fármacos, os quatro grupos de medicamentos recomendados (antiplaquetários, estatinas, betabloqueadores e inibidores da ECA) oferecem reais probabilidades de melhor evolução clínica, com excelentes efeitos na redução dos eventos, por meio de vários mecanismos, entre eles a estabilização das placas ateroscleróticas (estenóticas ou não), a inibição dos fenômenos trombóticos, com a prevenção das síndromes oclusivas arteriais agudas.

Por outro lado, contemplamos a extraordinária evolução das técnicas de revascularização percutânea, de maneira rápida e constante, nos últimos anos, com a introdução de métodos e técnicas, com sem número de novos materiais e, principalmente, com grande evolução na habilidade e desempenho dos intervencionistas, que se deparam, cada vez mais, com casos complexos e desafiadores da competência.

Fonte


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